Relogio: Vocês e o Tempo
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
PROJETO A COR DA CULTURA 12ª REGIONAL DA EDUCAÇÃO DE ITABAIANA PARAIBA
Todos
nós conhecemos o prazer que advém do ato de sentar em roda com amigos
para contar histórias, fazer música, brincar com jogos ou manifestar a
religiosidade. Os próprios valores civilizatórios são bons exemplo de
circularidade. A vida é cíclica. Podemos estar muito bem agora e numa
posição ruim depois até que voltemos a um estado satisfatório. A
humanidade inteira permanece unida por este sentimento circular.
Para
a nação afro-descendente, religiosidade é mais do que religião: é um
exercício permanente de respeito à vida e doação ao próximo. A
propósito, em tempos de tanta violência gratuita, vale pontuar que a
vida é um dom divino, de caráter transcendental, e deve ser usada para
cuidar de si e do outro.
Este
conceito nos ensina a respeitar cada milímetro do corpo humano, que
deve estar presente em cada ação e em diálogo com outros corpos. As
demandas corporais devem ser consideradas. Afinal, o corpo atua,
registra nele próprio a memória de várias maneiras, seja através da
dança, da brincadeira, do desenho, da escrita, da fala. Das músicas às
danças, com tudo o que elas anunciam e denunciam. Os corpos dançantes
revelam memórias coletivas.
Famosa
no mundo inteiro pela sua qualidade inconteste, a música brasileira tem
os dois pés bem fincados no Continente Negro. Quem resiste aos encantos
de uma batucada? A musicalidade, a dimensão do corpo que dança e vibra
em resposta aos sons só reafirma a consciência de que o corpo humano
também é melódico e potencializa a musicalidade como um valor.
Quando
se pensa em ancestralidade, faz-se uma imediata ponte com a história e a
memória. Convém não esquecer o passado. Não há fórmulas complexas para
vivenciar o que é, de fato, a ancestralidade. Quer provar? Então saia em
busca do relato dos mais velhos, que trazem o rico imaginário
afro-brasileiro.
Falar
sobre cultura negra requer usar a palavra ‘coletivo’. Pensar em
africanidades é pensar em comunidade, em diversidade, em grupo. Imaginem
o que teria acontecido com a população negra num sistema escravocrata
se houvessem desprezado o princípio da parceria, do diálogo, da
cooperação? E ainda nos dias que corre, nesta sociedade racista
excludente?
Herança
direta da cultura africana, a expressão oral é uma força comunicativa a
ser potencializada. Jamais como negação da escrita, mas como afirmação
de independência. A oralidade está associada ao corpo porque é através
da voz, da memória e da música, por exemplo, que nos comunicamos e nos
identificamos com o próximo.
O
princípio do axé é a vontade de viver e aprender com vigor, alegria e
brilho no olho, acreditando na força do presente. Em nada se assemelha a
normas, burocracias, métodos rígidos e imutáveis. Pelo contrário. Tudo é
uma possibilidade para quem é guiado pelo axé.
Entre
suas variadas utilidades, os jogos sempre viabilizaram o aprendizado.
Também serviram para transmitir as conquistas da sociedade em diversos
campos do conhecimento. Quando os membros mais velhos de um grupo
revelam aos jovens como funciona um determinado jogo de tabuleiro, por
exemplo, eles transmitem uma série de conhecimentos que fazem parte do
patrimônio cultural daquele grupo.
Nesta
terceira fase o A Cor da Cultura pretende oferecer as bases para a
sustentabilidade e autonomia na utilização dos materiais e metodologias
para o fortalecimento das redes.
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