Relogio: Vocês e o Tempo
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Carta aberta ao Presidente de Moçambique
Posted: 13 Nov 2013 02:00 AM PST
Por Carlos Nuno Castel-Branco
Senhor Presidente, você está fora de controlo. Depois de ter gasto um mandato inteiro a inventar insultos para quem quer que seja que tenha ideias sobre os problemas nacionais, em vez de criar oportunidades para beneficiar da experiência e conhecimentos dessas pessoas, agora você acusou os media de serem culpados da crise política… nacional e mandou atacar as sedes políticas da Renamo.
A crise político-militar que se está a isntalar a grande velocidade faz lembrar as antecâmaras do fascismo. Em situações semelhantes, Hitler e Mussolini, Salazar e Franco, Pinochet e outros ditadores militares latino-americanos, Mobutu e outros ditadores africanos, foram instalados no poder, defendidos pelo grande capital enquanto serviam os interesses desse grande capital, e no fim cairam.
Será que você, senhor Presidente, se prepara para a fascização completa do País? Destruir a Renamo, militarmente, é um pretexto. Fazer renascer a guerra é um pretexto. Parte do problema dos raptos – não todo – e do crime e caos urbano é um pretexto. Permitir a penetração da Al Quaeda em Moçambique é um pretexto. Pretexto para quê? Para suspender a constituição e aniquilar todas as formas de oposição, atirando depois as culpas para os raptores e outros criminosos e terroristas, ou para aniquilá-los em nome da luta pela estabilidade.
Senhor Presidente, você pode estar a querer fascizar o País, mas não se esqueça que a sua imagem e a do seu partido estão muito descredibilizadas – por causa de si e do seu exército de lambe botas. E essa credibilidade não se recupera com palavars e com mortos. Só se pode recuperar com a paz e a justiça social. O que prefere, tornar-se num fascista desprezível e, a longo prazo, vencido? Ou um cidadão consciente e respnsável que defendeu e manteve a paz e sugurança dos cidadãos, evitando a guerra e combatendo o crime?
Senhor Presidente, você tem que ser parte da solução porque você é uma garnde causa do problema. Ao longo de dois mandatos, quem se rodeou de lambe botas que lhe mentem todos os dias, inventam relatórios falsos e o assessoram com premissas falsas? Quem deu botas a lamber e se satisfez com isso, com as lambidelas? Quem se isolou dos que realmente o queriam ajudar por quererem ajudar Moçambique e os moçambicanos, sem pretenderem usufruir de benefícios pessoais? Quem preferiu criar uma equipa de assessores estrangeiros ligados ao grande capital multinacional em vez de ouvir as vozes nacionais ligadas aos que trabalham honestamente? Quem insultou, e continua a insultar, os cidadãos que apontam problemas e soluções porque querem uma vida melhor para todos (meamo podendo estar errados, honestamente lutam por uma vida melhor para todos)?
Quem acusa os pobres de serem preguiçosos e de não quererem deixar de ser pobres? Quem no principio e fim dos discursos fala do maravilhoso povo, mas enche o meio com insultos e desprezo por esse mesmo povo?
Quem escolheu o caminho da guerra e a está a alimentar, mesmo contra a vontade do povo maravilhoso? Quem diz que a guerra, e o desastre humanitário a ela associado, é um teste à verdadeira vontade de paz do povo maravilhoso? Por outras palavras, quem faz testes politicos com a vida do povo maravilhoso? Quem deixa andar o crime, a violência e a pobreza, quem deixa andar a corrupção, o compadrio e as associações criminosas? Quem nomeia, ou aceita a nomeação, de um criminoso condenado a prisão maior para comandante de uma das principais forças policiais no centro do país?
Quem se apropria de toda a riqueza e ao povo maravilhoso oferece discursos e dessse maravilhoso povo quer retirar (ou gerir, como o senhor diz) qualquer expectativa? Quem só se preocupa com os recursos que estão em baixo do solo, mandando passear as pessoas,os problemas e as opções de vida construídas em cima desse solo? Quem privatiza os benefícios económicos e financeiros dos grandes projectos, e depois mente dizendo que ainda não existem?
Quem se defende nos media internacionais dizendo que passou todos os seus negocios para os familiares enquanto é presidente – e quem é suficientemente idiota para aceitar isto como argumento e como defesa?
Quem divide moçambicanos em termos raciais e étnicos, regionais e tribais, religiosos e políticos – já agora, o que são moçambicanos de gema? Serão os autómatos despersonalizados e ambiciosos que nascem das gemas dos seus patos? O que são moçambicanos de origem asiática, europeia ou africana – são moçambicanos ou não são?
Quem ficou tão descontrolado que hoje acusa os media de serem criadores do clima que se vive no país – foram os media que se apropriaram das terras, iniciaram uma guerra, deixam andar o crime urbano e foram pedir conselhos ao Zé Du? Que tipo de media você quer? Um jornal noticias que não tem uma referência destacada a três grandes manifestações populares pela paz e seguranca e justiça social que aconteceram ontem no nosso país, embora tenha uma noticia sobre manifestações contra violações no Quénia? Porque é que as manifestações dos outros são verdade e as nossas mentira?
E, já agora, senhor Presidente, pode esclarecer-nos quem matou Samora?
Senhor Presidente, você não merece representar a pérola do Indico nem liderar o seu povo maravilhoso. E desmerece-o mais cada dia. Você foi um combatente da luta de libertação nacional e um poeta do combate libertador, mas hoje não posso ter a certeza que liberdade e justiça tenham sido seus objectivos nessa luta heróica.
O povo maravilhoso, ontem, prestou homenagem a Mocambique, a Mondlane e Samora, aos valores mais profundos da moçambicanidade cidadã e da cidadania moçambicana. Foi bonito ver as pessoas a manifestarem-se por causas justas comuns, a partilharem a água e as bolachas, a abraçarem-se e distribuirem sorrisos, a apanharem o lixo que uma tão grande multidão não poderia deixar de criar. Foi bonito ver quão bonitos e cívicos Moçambique e os moçambicanos, na sua variedade, são. Foi bonito ver os cidadãos aplaudirem a polícia honesta e abraçarem os seus carros, e os polícias absterem-se de atacar os cidadão. Foi bonito ver que conseguimos juntar uma multidão consciente, cívica e honesta, que o seu porta voz partidário, Damião José, foi incapaz de desmobilizar. Foi bonito ver a bandeira e o hino nacionais a cobrirem todos os moçambicanos, moçambicanos que são só moçambicanos e nada mais.
E no seu civismo e afrimação da cidadania moçambicana, esta multidão para si só tinha três palavras: “fora, fora, fora”. Tenha dignidade e, pelo menos uma vez na vida, respeite os desejos do povo. Reuna os seus patos e saia, saia enquanto ainda há portas abertas para sair e tempo para caminhar. Não tente lutar até ao fim. Isso só vai trazer tragédia, mortes e sofrimento para todos e, no fim, inevitavelmente, você e todos os outros belicistas, criminosos e aspirantes a fascistas, sejam de que partido forem, serão atirados para o caixote do lixo da história. Saia enquanto é tempo, e faça-o com dignidade. Ninguém se esquecerá do que você fez – de bem e de mal – mas perdoa-lo-emos pelo mal por, pelo menos no fim, ter evitado uma tragédia social e saído com dignidade.
Que, pelo menos, o seu último acto seja digno e merecedor deste povo maravilhoso. E, enquanto se prepara para sair, por favor devolva ao país e ao Estado a riqueza de que você, a sua família e o seu grupo de vassalos e parceiros multinacionais se apropriaram. Leve os seus patos mas deixe o resto. E, por favor, use as presidências abertas, pela última vez, mas para se despedir, pedir desculpas e devolver a riqueza roubada.
Saia, senhor Presidente, enquanto ainda é suficientemente Presidente para sair pelas suas próprias pernas.
Você sabe, de certeza, o que quer dizer “A Luta Continua!” Então, saia.
E não perca tempo a abater ou mandar abater ou encorajar a abater ou deixar abater alvos seleccionados, sejam eles quem forem. O sangue de cada um desses alvos só vai engrossar ainda mais o rio em cheia que o atirará a si, e seus discípulos, como carga impura, para as margens do rio poderoso fertilizadas pela luta popular. O povo não morre, e é o povo, não um alvo seleccionado, seja quem for, quem faz a revolução. Não se esqueça que a fúria do rio em cheia é proporcional à água que nele flui e à pressão que sobre ele exercem as margens opressoras.
Senhor Presidente, não tente fascizar
Moçambique. Se o fizer, pode levar tempo, podem muitas vidas ser
encurtadas pelas suas forças repressivas de elite, mas se seguir este
caminho, você sairá derrotado. A história não perdoa.
Adeus, senhor Presidente, vá descansar na sua quinta com a sua família e
dê à paz e à justiça social uma oportunidade nesta pérola do Índico e
em benefício do seu maravilhoso povo. Por favor.
Não lhe queremos mal. Mas, acima de tudo, queremos a paz e que os benefícios do trabalho fluam para todos.
O artigo Carta aberta ao Presidente de Moçambique foi publicado por Convidado no site Moz Maníacos. A opinião pessoal do autor não reflecte necessariamente a opinião do Portal.
Posted: 13 Nov 2013 01:45 AM PST
Este artigo é uma resposta à Carta aberta ao Presidente de Moçambique de Carlos Nuno Castel-Branco que pode ser lida aqui no portal.
Por Gustavo Mavie
´´Raptos são uma ocorrência comum em várias partes do
mundo hoje, e algumas cidades e países são frequentemente descritos como
“Capitais do Sequestro do Mundo´´. A partir de 2007, esse título
pertence ao México, possivelmente com 100.000 raptados em cada ano. Em
2004, era aColombia que detinha este título. Apesar de que as
estatísticas são mais difíceis de encontrar, há dados que sugerem que
um total mundial de 12,500 a 25,500 raptados em cada ano, com 100.000
para o México´´, in Enciclopedia Wiklipedia.
Quando li, na segunda-feira da semana
passada, a carta aberta ao Presidente Armando Guebuza da lavra de Carlos
Nuno Castelo Branco, que publicou na Net e em alguns jornais
moçambicanos, exigindo ao estadista moçambicano que se demita, porque na
sua óptica, governa mal o nosso País como, pior que isso, porque
entende que não consegue conter os raptos que assolam algumas cidades
moçambicanas, lembrei-me da tese que diz que há pessoas que são como os
ratos, que mesmo que vivam uma eternidade numa biblioteca, nunca chegam a
saber o conteúdo dos livros que lá estão.
O que me trouxe à memória este caso dos
ratos, é porque não percebo como é que um académico como se assume
Carlos Nuno Castelo Branco, que estudou em Londres e que é uma das
cidades que é uma verdadeira escola natural de sapiência, não se
apercebeu que crimes como raptos, de que culpa agora totalmente o
Presidente Guebuza, ocorrem em quase todos os países ou pelo menos
certas outras cidades mundiais, e que não são de per si prova de má
governação de quem quer que seja.
O que mais me surpreendeu, é culpá-lo
também por ter, finalmente, ordenado, só a partir de Outubro último, ao
exercito moçambicano, para que passasse já da defensiva em que vinha
estando, para a ofensiva, em resposta aos repetidos ataques que a Renamo
vinha fazendo desde Abril último contra civis, polícias e militares,
sem que antes tivesse sido atacada pelo Governo. Não percebo como acusar
Guebuza, por ter dado essa luz verde às tropas moçambicanas para
contra-atacarem, de modo a frustrar a estratégia da Renamo que era
impedir com esses ataques a realização das eleições municipais marcadas
para 20 deste mês, e cuja campanha já está em curso agora. Posso admitir
que esta estratégia renamista não seja percebida pelo cidadão comum,
mas já não pode ser para um académico como o é Castelo Branco.
Mesmo académicos de renome, como o também
conceituado jornalista Joseph Hanlon, fizeram já uma leitura realística
desprovida de motivações políticas, e concluíram que a culpa de toda
esta tensão e escaramuças em que vivemos agora é da exclusiva
responsabilidade da Renamo, e não do Governo como a imputa a Guebuza.
Hanlon distribuiu, via Net, a 27 do mês passado, um artigo em que
comprova com factos irrefutáveis, que foi a Renamo que começou por fazer
discursos belicistas desde Fevereiro deste ano. Ele mostra que depois
desses discursos inflamatórios, começou depois a atacar, melhor, a matar
civis, polícias e militares, sem que nunca antes tivesse sido alvo de
nenhum ataque do governo, e que este só foi forçado a retaliar a partir
de Outubro, ou seja, sete meses depois da Renamo ter estado a atacar e
matar civis, policias e soldados! Um desses ataques da Renamo foi contra
o Paiol de Savane em Abril último, em Sofala, em que matou a sangue
frio, seis dos soldados que o guarneciam. Dois dias depois, a mesma
Renamo atacou um camião tanque e um machimbombo em Muxungwé, que
resultou na morte de três pessoas. Tudo isto, meses antes que o Governo
tivesse feito aquele assaltado e subsequente tomada de Santungira a 21
de Outubro último.
Como vê, Carlos Nuno Castelo-Branco,
atribuir culpas a Guebuza pela reactivação da guerra em Moçambique, é
uma acusação a todas as luzes injusta. Mesmo que esta acusação seja
feita pela maioria dos moçambicanos, como o diz sem que nos diga como é
que chegou a essa conclusão, não é por isso que será justa. A História
diz nos que há vezes em que as maiorias apoiaram causas erradas ou
pessoas eivadas de maldade ou mesmo incendiários. Hitler foi eleito pela
maioria dos alemães, e o errático Kumba Yalá, da Guiné Bissau, foi
também catapultado ao poder pela maioria dos guinenses, mas Hitler
acabou arrastando os seus compatriotas para a guerra que moveu contra
todo o mundo. Ele foi tão mau para os alemães como para o resto da
humanidade que o melhor era nunca ter nascido.
A sua formação académica o obriga a ler
correctamente os factos e a ajudar os outros que não foram muito para
além da aprendizagem escolástica, de modo que sejam capazes de
compreender também os fenómenos político-sociais e militares. É o que
fez Hanlon nesse seu artigo com o título ´´History Matters´´, ou seja,
´´A Historia Conta´´. Ele vinca que para se perceber a tensão e as
escaramuças que agora ocorrem, há que se recuar no tempo, para se ver
como tudo foi acontecendo até se chegar onde chegou. Já Cícero dizia que
para se compreender o presente, há que se ter em conta o passado. A
História da Renamo já explica o que está a fazer de novo agora.
Mesmo o académico sul-africano, Andre
Thomashausen, que já foi um apoiante da Renamo, disse, quarta-feira da
semana passada à televisão moçambicana TIM, que o problema é da Renamo,
que não conseguiu passar de movimento rebelde para partido político, e
que isso faz com que os moçambicanos tenham medo sempre que ouvem falar
dela.
Eu próprio, escrevi um artigo com base na
análise de Hanlon, que o Notícias publicou no sábado último dia 02 que
caso o não leu o aconselho a lê-lo retroactivamente, com o
título ´´Inimigo do Inimigo Amigo É´´, em que deixo claro que os que
condenam Guebuza pelo reinício da guerra em Moçambique, só o podem fazer
por uma de duas razões: ou ignoram o que a Renamo foi dizendo, e os
ataques que vinha fazendo sem nunca ter sido atacado antes, ou o culpam
porque não gostam do Guebuza por qualquer das razões. Este deve ser,
certamente, o caso de Castelo-Branco, porque deixa bem claro que o odeia
simplesmente, e isso está claramente estampado nesta sua missiva que de
tão má é capaz de vir a constar no livro de recordes Guiness Book como
uma das piores cartas. Esta sua carta foi uma bala que lhe saiu pela
culatra.
Não há péssimo julgamento do que condenar
alguém por crimes que nunca cometeu. Se quer ser justo e bom para nós
seus compatriotas, condena a Renamo que foi quem começou de novo com os
tiros, e não Guebuza que só está a combater estes criminosos que são os
alguns dos homens da Renamo que até atacam centros de saúde para matar
pessoas que estão a tentar evitar a morte.
Há, na sua carta, uma clara evidência de
que não tem em que de facto acusar Guebuza, daí que até o acusa de ser
culpado mesmo pelos raptos que afectam Maputo, Beira e, de algum modo,
Nampula, quando mesmo países munidos de meios sofisticados de vigilância
das suas cidades, como os EUA, que têm câmaras que filmam até formigas,
registam também raptos. Mesmo a nossa vizinha África do Sul que, tal
como os EUA que tem a famosa FBI, tem polícias especializadas só para
este tipo de crimes, é também vítima deste mesmo mal e é um dos 10
países que mais raptos regista em todo o mundo. Estes 10 países são
agora encabeçados pelo México, onde, como dissemos já, regista-se
100.000 raptos por ano, ao invés do nosso, que até agora registou um
máximo de 50 raptados. O México é seguido por ordem decrescente, pelo
Iraque, Índia, a própria África do África, o Brasil, Paquistão, Equador,
Venezuela, Colômbia e, finalmente o Bangladesh. Muitos destes países
têm estado neste TOP 10, desde 1999, e que neste ano a lista era
encabeçada pela Colômbia, e pela mesma ordem decrescente, seguiam o
México, o Brasil, as Filipinas, a Venezuela, o Ecuador, a Rússia, a
Nigéria, a Índia e, finalmente, a África do Sul que agora passou deste
10.o lugar para 0 4.o. Ora, será que todos estes países são governados
por Guebuza? Ou está a aplicar a falsa tese que diz que o mesmo pode não
ser o mesmo, como quando se dizia no outro tempo aqui em Moçambique que
quando um preto corria era um ladrão, e quando era um branco a fazer o
mesmo, é um atleta.
É importante destacar que no caso do
Brasil, já esteve neste lista quando era liderado pelo Presidente
pro-povo, melhor, pro-pobres, Lula da Silva, mas que nem com isso ele
conseguiu combater totalmente todos os raptores, e até hoje muitos dos
magnatas brasileiros só viajam mais de helicópteros para não serem
raptados. Mesmo Portugal, que agora se oferece para nos ajudar a
combater os raptores, é também vítima de raptos, e o último ocorreu este
fim-de-semana contra um médico. O que o Carlos Nuno devia fazer, é
apelar aos outros compatriotas a adoptarem medidas anti rapto, como se
faz noutros países. No Brasil, por exemplo, os magnatas até já andam
mais de helicópteros que de carros. Outra das medidas é usarmos mais
dinheiro digital e não vivo nos pagamentos como ainda é comum entre nós.
Mesmo as escaramuças que ocorrem um pouco
pelo centro do Pais e em algumas províncias do Norte, são da exclusiva
culpa da Renamo, que foi quem começou a atacar civis, polícias e
militares. Ou querias que Guebuza ordenasse as tropas a se deixarem
matar. Porque não condena a Renamo por ter sido quem começou com os
ataques. Surpreende-me esta sua falta de coerência. Ou será porque
quando a Renamo atacava estava em sintonia com os seus interesses, já
que Balzac diz que os interesses se sobrepõem aos sentimentos. Deve
condenar a Renamo porque está a voltar a matar civis como o fazia
durante a guerra dos 16 anos que moveu até 1992, e de que Castelo-Branco
conhece muito bem, porque na altura era um oficial do exército
moçambicano. A menos que sofra de amnésia para se ter esquecido dos seus
massacres.
O senhor Carlos Nuno Castelo-Branco e todos os que comungam da mesma visão, como Alice Mabota,
deviam saber que se há quem sabe por experiência própria, o quão custou
esta paz que agora a Renamo quer voltar a quebrar, certamente que
Guebuza é um deles. Isto porque foi ele que chefiou, durante dois anos e
meio, a Delegação do então Governo do Presidente Chissano, que a
negociou em Roma com a da Renamo, e que tinha como chefe, Raul Domingo,
que mais tarde viria a ser expulso da mesma Renamo por Dhlakama.
No lugar de fazer uma análise académica
fria, e apontar quem de facto é culpado, deixou-se levar por motivações
políticas, e chegar a conclusões politizadas e, logo, erradas ou de
má-fé. Para tentar dar uma veracidade aparente, cita alguns dos
palavrões que foram proferidos contra Guebuza por algumas das pessoas
que estavam na manifestação contra os raptos em Maputo, e as escaramuças
provocadas pela Renamo, como algo que prova que todo o povo é
anti-Guebuza.
Quanto aos que gritaram fora,fora,fora Guebuza,
na verdadade tentaram, com isso, ´´raptar´´ aquela manifestação contra
os raptos, para servir os seus interesses inconfessos, como bem o disse
no dia seguinte, o analista político, Esausto Mahanjane, à Radio
portuguesa RDP. É que se assumirmos que os raptos são prova de má
governação de Guebuza, como o tenta fazer crer, então os que ocorrem
noutros países, incluindo nos EUA e no México, em que neste caso chegam a
100.000 por ano neste momento, então os seus respectivos presidentes
são maus e deviam se demitir, incluindo Obama.
O governo tolerou muitos dos ataques antes de retaliar
Na verdade, foi pela repetição desses
ataques, que forçaram Guebuza a ordenar o exército a retaliar, porque
estava sendo dizimado pelos homens armados de Dhlakama, que confundia
com o que chamou de piriquitos. Mesmo assim, o exército optou pela
defensiva temperada com apelos de Guebuza para que não mais fizesse
ataques, mas perante a persistência da Renamo, teve de enveredar pela
presente ofensiva, que acabou na tomada de Santungira, onde vivia o seu
líder, Afonso Dhlakama. Se quer ter mais detalhes sobre os antecedentes,
leia o artigo de Hanlon ou mesmo esse meu que publiquei na edição do
Notícias de 02 deste mês.
Caso pretenda responder a este artigo com outro texto, envie-nos aqui ou simplesmente comente no formulário abaixo.
O artigo Carta aberta a Guebuza de Carlos Nuno é uma bala que lhe saiu pela culatra foi publicado por Convidado no site Moz Maníacos. A opinião pessoal do autor não reflecte necessariamente a opinião do Portal.
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