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Posted: 11 Jul 2013 12:40 PM PDT
Deixem-me
deixar a modéstia à parte e dizer que ainda não conheci um moçambicano
com uma colecção de banda desenhada maior que a minha, o que não chega a
ser uma grande surpresa para ninguém ao observarmos o nível de promoção
desta arte do lápis. Mas eu confesso que ficaria feliz se alguém viesse
confrontar a minha afirmação – seria uma forma de saber que não estou
sozinho nesta coisa.
Minha Primeira Vez
A primeira vez que eu conheci o Mickey, o Superman, Tintim e outros
títulos populares da televisão, foi em tiras de banda desenhada e muito
mais tarde, quando tive acesso à televisão pude ver os meus super heróis
com voz nas telas. Naquela época a minha mãe comprava estes livros nas
bancas da rua, eram livros usados vindos de outros países, e quase todos
tinham alguma coisa escrita à caneta lá. Mas isso não me interessava
muito… Eu já folheava revistas de banda desenhada antes mesmo de saber
ler, a minha mãe e os meus irmãos liam para mim algumas vezes, mas foi
com 6 anos que eu li a minha primeira história em quadradinhos sozinho,
era uma edição especial da Mafalda do cartoonista Quino,
eu achei os desenhos tão engraçados quem nem dei importância para o
facto de eu não ter entendido a história. E dali em diante comecei a
vasculhar livros da estante de casa à procura de coisa parecida (muitos
dos livros de autores de portugal), foi nessa procura que eu encontrei
algumas tiras isoladas do TimTim e vários personagens da Disney, que
eram sempre usados como exemplos de alguma coisa.
Nos anos seguintes aprendi na escola um pouco mais sobre banda
desenhada e ao mesmo tempo começava a ler uma revista mensal católica
chamada Audácia, que foi a responsável pela minha
grande paixão pelas BD. A revista apresentava em cada edição, duas a 3
séries de banda desenhada para adolescentes. Eu acompanhei a revista até
decidir explorar outros mundos. A maior parte dos títulos que conheci
nos anos seguintes eram de revistas emprestadas por pessoas que tinham
quedas pela banda desenhada como eu.
Mafenha
Ler banda desenha para mim sempre foi melhor do que qualquer filme ou
desenho animado, aquilo era tão excitante que eu era capaz de ficar
horas e horas só a ler aquelas histórias intrigantes sem comer nada, mas
nenhuma alegria anterior foi maior do que quando eu conheci Mafenha, um clássico do cartoonista moçambicano Sérgio Zimba. O
simples facto de ser banda desenhada moçambicana já tornava a obra
especial e superior a todas as outras. Eu já acompanhava as tiras do
Zimba no jornal e mergulhava no rio de lágrimas das minhas gargalhadas, a
crítica social quase passa despercebida com caricaturas e humor de
Mafenha.
Mafenha foi a primeira e a única obra de banda desenhada moçambicana
que eu li. É verdade que ela não trás nenhuma grande história e nem
revolucionou nada, mas será sempre lembrada por mim como uma boa
tentativa de valorização . Mas nada de moçambique mereceu minha atenção
até hoje. Nenhum artista teve a coragem de lançar mais nada parecido. Só
vejo banda desenhada nas revistas sobre HIV…
Tudo o que há em banda desenha nacional é para rir. Eu sonho um dia em ler histórias que me façam pensar como Watchmen de Allan Moore, ou simplesmente rebeldia como em Preacher de Garth Enis, super herói como o nosso querido Batman ou uma turma maluca como a do Maurício de Souza, alguém conhece algum vilão criado por um moçambicano?
O nosso blog tem na geleira as Aventuras de Sabonete,
escrita pelo nosso colega Chil Emerson, mas estamos com sérias
dificuldades de encontrar um desenhista moçambicano. Esperamos que
apareça alguém depois deste post.
E se você é artista e deseja expor a sua obra aqui, nós ficaremos muito felizes em recebe-lo!
O artigo Moçambique e a Banda Desenhada foi publicado por Matope José no site Moz Maníacos.
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