PROJETO A COR DA CULTURA VOCÊ CRIA, AGENTE DIVULGA
Plataforma gratuita auxilia docentes a lidarem com dislexia
A
dislexia é considerada um distúrbio psicológico que se manifesta na
aprendizagem da leitura e escrita dos alunos. Segundo especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, é um problema que passa despercebido por muitos educadores. Por isso, em parceria com o Instituto ABCD, a universidade lançou uma plataforma de formação online gratuita para professores.
O ambiente virtual vai oferecer desde conteúdos básicos sobre o tema,
formas de identificar o distúrbio e de adquirir técnicas para ensinar
leitura, soletração e escrita até apontar como melhorar o ambiente
escolar. De acordo com os especialistas, a ideia é fazer com que os
estudantes lidem com suas dificuldades específicas em concentração,
memória e organização.
O material foi financiado pela Unesco e lançado em
quatro de suas seis línguas oficiais: árabe, chinês, inglês, francês,
russo e espanhol. A plataforma foi desenvolvida a partir da versão
criada originalmente pela Dyslexia Internacional e autorizado pelo Ministério de Educação Superior, da Pesquisa Científica e das Relações Internacionais da comunidade francófona belga.
Para acessar os conteúdos, os professores precisam estar cadastrados
na plataforma. Os materiais, que incluem textos, PDFs e vídeos, podem
ser usados de forma ilimitada. Como o curso não é modular, o usuário
pode gerenciar um cronograma próprio para suas aulas – que têm, em
média, 20 horas –, além de responder a um questionário para receber um
certificado.
Além disso, por conta de seu conteúdo técnico, a plataforma também
pode ser usada por especialistas, como pedagogos ou médicos, que
trabalham com crianças e jovens. Os conteúdos podem ser acessados no
link http://dislexiabrasil.com.br.
Guia oferece passo a passo para implantar educação integral nos municípios brasileiros
“Também se constitui como material de apoio para educadores, gestores
e pesquisadores interessados no tema, uma vez que, nos últimos anos, a
discussão da educação integral, como uma política que tem potencialidade
de contribuir com a melhora da qualidade do ensino e da aprendizagem
das crianças e adolescentes, tem ganhado força em todo o território
nacional”, explica o coordenador do Núcleo de Educação Integral do CENPEC, Alexandre Isaac.
A cartilha foi baseada em dois estudos publicados, Tendências para Educação Integral (2011) e Percursos da Educação Integral, em busca da qualidade e equidade (2012),
e está dividida em quatro capítulos: Início de conversa, que apresenta
os objetivos da obra e a contextualiza; Por onde começar, que traz as
diretrizes iniciais para realizar o objetivo; Caminhos a percorrer, que
apresenta nove práticas essenciais ao trabalho; e Vale a pena consultar,
que traz referências de publicações sobre o tema.
Ao conceituar a educação integral, o guia faz referência à concepção
que “considera o sujeito em sua condição multidimensional: física,
cognitiva, intelectual, afetiva, social e ética, inseridas em um
contexto de relações, assim como o desenvolvimento de todas essas
dimensões como condição de cidadania, num projeto democrático de
sociedade”. Implementar esse conceito, segundo o texto, é ir além da
ampliação da jornada diária de estudos, igual ou superior a sete horas.
A coordenadora de Programas Sociais da Fundação Itaú Social, Dianne Melo, explica que a proposta está em consonância com a meta seis do Plano Nacional de Educação – PNE,
que tem como objetivo oferecer educação em tempo integral para 25% dos
alunos das escolas públicas de educação básica, com atividades
multidisciplinares e maior tempo de permanência deles nas escolas.
Segundo a coordenadora, esse “tempo a mais” pode ser considerado
saudável para os alunos, pois o que se busca é ampliar as oportunidades
de aprendizagem, além de não precisar acontecer necessariamente em salas
de aula. “Estamos trabalhando com três perspectivas: ampliação de
tempo, uma condição necessária, ampliação e diversificação de conteúdo e
ampliação de espaço”, diz.
“O que se pretende é oferecer novas oportunidades educativas,\ por
meio de acesso aos conhecimentos produzidos em outras áreas (como
cultura, ciência, esporte e tecnologia), e proporcionar aos estudantes
interações em outros tempos, que não dizem respeito apenas ao tempo
cronológico, mas também ao tempo subjetivo da aprendizagem, aquele que
considera a individualidade, as interações grupais e os aspectos
culturais, ingredientes fundamentais para o desenvolvimento integral das
crianças e adolescentes”, explica Letícia Araújo, técnica do CENPEC.
Isaac acrescenta que a parceria entre organizações sociais e
secretarias de educação tem cooperado para a oferta qualificada de
situações de aprendizagem. “A apropriação da comunidade e da cidade como
um direito das crianças e dos adolescentes nos leva a afirmar que as
propostas pedagógicas que contemplam essa modalidade (dentro e fora da
escola) têm se configurado como potencializadoras da aprendizagem”,
complementa.
Melo diz que a cartilha está sendo bem recebida pelos gestores
públicos e que a obra vem ao encontro das necessidades dos municípios no
tocante à melhoria da educação nas escolas públicas, confiando assim
que as diretrizes sugeridas serão implementadas. Isaac explica que o
conteúdo do guia foi amplamente debatido com as equipes de ambas as
entidades, além de contar com especialistas de universidades e do
sistema público.
“Com o material de orientação, esperamos que as Secretarias de
Educação possam refletir sobre a implementação de suas políticas de
educação integral e traçar estratégias que possam lhes auxiliar nessa
tarefa de acordo com a realidade de cada sistema de ensino, a fim de
consolidar suas práticas na área da educação integral”, exprime Isaac.
O coordenador relata que a experiência mostrou que os nove temas
abordados no terceiro capítulo do guia (diretrizes gerais, espaços e
infraestrutura, parcerias, plano de ação, proposta curricular,
desenvolvimento profissional dos educadores, acompanhamento e avaliação,
gestão colaborativa e comunicação) são ações imprescindíveis para a
efetivação da política.
Para Melo, a sociedade pode colaborar com a implementação da política
de educação integral ao exigir dos governos que a mesma seja efetivada.
Isaac explica que a educação integral compreende a garantia de direitos
e o combate às desigualdades. “A sociedade civil organizada pode
colaborar para efetivação de políticas de educação integral por meio das
instâncias representativas legais, como conselhos tutelares, conselhos
municipais e estaduais de defesa das crianças e adolescentes, além de
movimentos populares, partidos políticos e sindicatos de trabalhadores. A
organização das famílias na reivindicação pela ampliação da jornada e
pela melhoria da aprendizagem de nossas crianças e adolescentes também
tem se apresentado como estratégia para garantir que cada vez mais
municípios se preocupem e desenvolvam propostas de educação integral”,
finaliza.
Por Luana Chrispim / Blog Educação
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