A Batalha de Farrapos, obra de José Wasth Rodrigues (1891-1957) retratando o conflito no sul do Brasil
Dentre as revoltas que ocorreram durante o Período Regencial, a Revolta Farroupilha (ou Guerra dos Farrapos) foi a mais longa. Ocorrida entre 1835 e 1845, a revolta levou as províncias do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina a proclamarem duas repúblicas independentes do governo imperial.
A origem do
conflito estava na insatisfação dos proprietários rurais gaúchos que
administravam a produção de charque (carne-seca), gado e couro, e foram
obrigados a pagar um imposto de 25% sobre essas mercadorias. Por outro
lado, as mesmas mercadorias que eram produzidas na Argentina e no
Uruguai pagavam uma taxa de impostos muito menor, de 4%.
Essa situação indignou os estancieiros,
os criadores gaúchos de gado. Mas não eram apenas os impostos que
incomodavam os gaúchos. Eles pretendiam também conquistar maior
autonomia política para as províncias, o que garantiu um apoio popular. A
revolta teve início em 1835, quando as tropas lideradas pelo rico
estancieiro Bento Gonçalves tiraram do poder o presidente da província, nomeado pelo governo central. Ao ocupar Porto Alegre, os rebeldes proclamaram a República de Piratini, ou República Rio-grandense.
O caráter republicano ajuda o leitor a entender por que a revolta ganhou o nome de Revolta Farroupilha. Farroupilha, ou farrapos,
era o nome dado aos liberais radicais republicanos que se identificavam
com os sans-culottes da Revolução Francesa. Os sans-culottes eram
revolucionários populares que se distinguiam da elite por suas roupas,
calças longas e de tecidos de baixa qualidade. Daí o surgimento dos
termos farrapos e farroupilhas.
O ideal republicano atraiu outras pessoas na luta contra o governo central do Império. Um deles era o italiano Giuseppe Garibaldi,
que havia fugido da Itália por motivos políticos. Em conjunto com David
Canabarro, Garibaldi liderou a invasão de Laguna, em Santa Catarina, e
proclamaram a República Juliana, em julho de 1839. O objetivo era formar uma confederação entre as duas repúblicas.
Entretanto,
o governo central do Império não aceitava que essas províncias se
separassem do Brasil. Inicialmente foram tentados acordos diplomáticos
para pôr fim à revolta. Mas as medidas não tiveram sucesso. O resulto
foi uma guerra que durou dez anos.
A Revolta
Farroupilha somente teve fim em 1845, já no reinado de D. Pedro II,
quando as tropas lideradas por Luís Alves de Lima e Sobrinha, o Barão de
Caxias, conseguiram vencer o movimento. O principal meio utilizado pelo
Barão de Caxias para conter a revolta foi explorar as diferenças entre
moderados e radicais. Aproximando-se dos moderados, o Barão de Caxias
conseguiu isolar os radicais.
O governo
central tentou também conter a revolta com o aumento do imposto do
charque estrangeiro em 25%. O governo adotou tal medida por não ter uma
força militar forte o suficiente para acabar rapidamente com a revolta.
Em 1845, as
duas partes em conflito assinaram o Convênio de Ponche Verde, que
estabeleceu o fim do conflito, sem punir os revoltosos. Parte dos
farrapos foi incorporada ao exército imperial, sendo que os escravos que
lutaram ao lado dos farrapos foram libertos e as terras confiscadas
durante a revolução foram devolvidas a seus donos.
Giuseppe Garibaldi e sua mulher brasileira, Anita Garibaldi,
foram para Montevidéu, no Uruguai. De lá, os dois dirigiram-se para a
Itália, onde cumpriram um papel de destaque nas lutas pela Unificação
Italiana.
Por Tales Pinto
Graduado em História
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