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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Organização de feministas negras é uma das beneficiadas pelo Fundo Elas

Bamidelê reúne mulheres na luta contra o racismo e o sexismo


Lançamento da Campanha de Promoção da Igualdade Racial, promovido pela Bamidelê em 2009  (Foto: Divulgação / Bamidelê)Lançamento da Campanha de Promoção da Igualdade Racial, promovido pela Bamidelê em 2009 (Foto: Divulgação / Bamidelê)

A instituição Fundo Elas realiza investimentos sociais voltados exclusivamente para grupos de mulheres por todo o Brasil. Por acreditar no potencial transformador delas, o fundo já beneficiou  274 grupos em seus dez anos de atuação. A ONG Bamidelê é um exemplo destas organizações femininas que promovem mudanças sociais a partir do seu trabalho e contam com o apoio do fundo Elas para garantir a manutenção de suas ações.

Fundada em 2001, a organização, composta por feministas negras da Paraíba, nasceu do desejo e necessidade de se lutar de forma integrada conta o racismo e sexismo. O nome Bamidelê, de origem africana, aproxima-se em sentido do verbo esperançar. De acordo com Terlúcia Silva, atual coordenadora executiva da organização, o nome foi escolhido por transmitir o espírito dessas mulheres ativistas que estão sempre em movimento buscando novas conquistas.
Terlúcia explica que a organização possui diversos campos de atuação no combate ao preconceito racial e de gênero. O trabalho formativo e educativo focado na questão da afirmação da identidade negra se caracteriza como um dos campos de destaque da organização. “Não abrimos mão desse enfoque porque acreditamos que uma pessoa é capaz de ir longe quando se afirma como é. A partir das descobertas é possível dar passos significativos”, garante a coordenadora.  As ações formativas e educativas são colocadas em prática na forma de seminários, capacitações, rodas de diálogos, oficinas, entre outras atividades capazes de promover a troca de conhecimento entre as mulheres. 

Assembleia da Bamidelê (Foto: Divulgação / Bamidelê) 
Assembleia da Bamidelê
(Foto: Divulgação / Bamidelê)
Outro exemplo de ação desenvolvida pela Bamidelê são as Organizações Comunitárias. Segundo Terlúcia, o trabalho é desenvolvido por um grupo que realiza o levantamento das principais problemáticas de uma determinada comunidade sob a ótica das mulheres que ali vivem. A partir deste levantamento, a organização seleciona 5 questões que serão levadas à câmara dos vereadores. A proposta é promover o diálogo entre comunidade e o poder público com a intenção de incentivar melhorias locais.

Além de promover diversas ações sociais, a Bamidelê possui um fundamental eixo de atuação política. O controle social das políticas públicas é apontado por Terlúcia como uma ação de relevância na garantia dos direitos das mulheres negras. A organização, atualmente, integra o conselho municipal dos direitos da mulher de João Pessoa. “Ainda hoje, nossa presença no conselho é fundamental para que a mulher negra seja contemplada”, diz.

Atualmente, o apoio do Fundo Elas é aplicado nos projetos que envolvem mídia e comunicação. Um exemplo dessas ações são as oficinas com comunicadores, desenvolvidas a fim de inserir a discussão e a reflexão sobre a questão racial na mídia. Terlúcia afirma que a partir de analises de conteúdos midiáticos e da desconstrução de estereótipos, a Bamidelê pretende conscientizar comunicadores e “enegrecer” a mídia. A coordenadora da organização, que possui apenas 4 funcionárias em seu cotidiano de trabalho, conta que o apoio do fundo é essencial para tornar  trabalho da Bamidelê mais amplo e reconhecido.  “Elas estão conosco, literalmente. O apoio foi e continua sendo muito importante para dar mais visibilidade às nossas ações”, diz.

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